domingo, 3 de julho de 2011

Café e filosofia


Tomar um café com a velha e jovem amiga Lisa Elisa faz com que a minha tarde seja mais agradável. Ela é daquelas pessoas especiais, com transparência no olhar, amizade no ombro, cheiro do querer bem e um corpo escultural em disposição e presença amiga.
Novidade no ar? Diz Lisa Elisa
Respondo: nada muito novo, apenas que estou saindo um pouco mais.
- Saindo pra onde?
- Para bares, lugares e outros ares. Buscando novas possibilidades, novas pessoas.
- Isso é muito bom. E o que está encontrando?
- Confusões em ebulição. Flertes sem imaginação. Boas conversas. Não dá para enumerar, ainda estou descobrindo. O mundo ficou muito estranho, parece que as pessoas querem ter-se a qualquer preço e a preço nenhum querem ir-se.
- Oh! Amiga, bem vinda ao mundo real. Prepare-se para ouvir frases do tipo:
Depois eu te ligo! Nossa! Como você emagreceu! Descansa que vai dar tudo certo! Só bebo em ocasiões especiais. Não vou contar nada a ninguém! Não é uma questão de dinheiro, mas sim de princípios. Não temos nada um com o outro. Somos apenas bons amigos. Estás cada vez mais jovem. Fico triste por você. O dinheiro não trás felicidade
Sempre serás a única. Ainda bem que já refizeste a tua vida. Fico feliz por ti! O que importa realmente é a amizade. Liguei, mas não atendeu. Na próxima, pago eu!
- Mas assim você me assusta. Traumatizo e não saio mais.
- Calma! Calma! Eu explico. Estou na estrada há tempos, tive que aprender a me virar, mas você é diferente. Você é mais que especial. Você crê em tudo que lhe falam, porque tudo o que você fala é verdade. Suas palavras são sinceras e seus atos ainda mais. Você tem que ver a pessoas da maneira diferente que você vive. Você não pode generalizar a partir de você. No mundo, embora você não veja, há crueldade humana.
- Agora amiga, sem filosofar. Estás ficando com alguém?
- Sim, estou em encantamento. E acho que você conhece.
- Fico feliz, se estás feliz. E posso saber quem?
Num murmuro, Lisa Eliza diz: o Hector.
Pulo da cadeira. O Hector, não! Não! Não! E não!
- Mas por quê?
- Nele há resquícios de canalhice e aprenda logo que canalhas são charmosos. Você está preparada?
- Preparada como? Pergunta Lisa Elisa assustada.
Calmamente filosofo. Interessar-se por integrantes desse clã requer prática. Pois, se você quer mesmo fugir dos canalhas, considere a possibilidade de encantar-se por alguém não muito atraente.É muito importante saber que não é a canalhice que torna um homem atraente, mas ser atraente é o que possibilita a um homem ser canalha. Os não-atraentes não conseguem ser canalhas charmosos, mesmo que queiram, e acabam por ficarem desinteressantes aos nossos olhos.
Mil justificativas podemos dar para esse tipo de atração, e quando chegamos a um resultado desastroso, vimos isso que formos amaldiçoadas: os canalhas são irresistivelmente mais charmosos que os demais homens.
- Mas Hector é um canalha?
- Não sei amiga, mas se não fosse você se interessaria por ele?
Sem palavras, Lisa Elisa me contempla e se levanta.
- Bem vinda a essa rede de intrigas chamada mundo real! E, sente-se para outro café.

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