O celular toca.
É aquela ligação que eu não esperava.
Olá, Como vai?
Oiii! Estou bem!
O que vai fazer nesta noite de sábado?
Dormir.
Onde?
Na minha cama.
Sozinha?
Sim. Por que?
Venha me ver aqui
E o que você faz ai em B? Uns amigos vieram jogar e eu vim para ficar com você.
Mas eu não moro em B a minha cidade fica
Sim passei. Mas venha. Quero te ver.
Calma, calma. Estou vendo um programa interessante na TV, penso depois e ligo.
Claro, eu espero. São apenas 18 horas.
... Acabou o programa. Olho pela janela e vejo muita chuva e frio e com o agravante de ser sábado. Dia que odeio que me impunham compromissos. Sábado é o meu dia.
Penso e ligo.
Não vou não. Adoro ficar em casa, já estou de pijama. E durante a semana não pude ficar em nenhum momento sozinha em casa.
Não aceito um não como resposta. Quero você. E já me preparei para te receber.
Vamos sair, jantar e depois para o hotel, quero matar a saudade.
Desligo sem dar nenhuma afirmativa. Aos poucos vou colocando roupas extras e produtos de toalete em uma valise. Vou para o banho, capricho no visual e no aroma.
Um tchau para meus animais e sigo para os 40 minutos que me separam de uma noite especial em B.
Passado 30 minutos toca o fone.
Onde você está?
Quase aí.
Legal, te espero na frente.
Oi... Que bom que veio.
... Surdos sons de beijos saudosos ecoam pelas ruas de B.
Passeio de mãos dadas, jantar e o enfim sós.
Sinto muito, não temos mais nenhum apartamento disponível, disse o recepcionista do hotel.
Como assim? Penso e nada falo.
Já estou hospedado aqui, quero apenas mudar para outro quarto.
Só temos um quarto e estamos aguardando o hóspede chegar.
Sento-me distante para que as coisas se resolvam. Afinal me foi prometido uma noite especial e hoje é sábado, o meu dia.
Querida, vamos dar uma volta. Daqui a 15 minutos vence a reserva, é provável que o hóspede não chegue.
Concordo e saio para um novo passeio de mãos dadas.
Minha pouca indignação é afugentada pela agradável companhia.
Voltamos e nada foi resolvido.
Sou uma sem cama e sem noite agradável em B.
Querida, espere-me aqui, vou subir pegar uma roupa e voltar
Sim. Mas não confie que eu espere.
Você não faria isso. Já volto.
Passo para o banco do motorista, ligo carro e celular e digo apenas:
estou indo...
Hoje é um dia especial.
E eu também queria ser especial, mas nada estava preparado para me receber.
Só porque hoje é sábado, o meu dia.
Eu fui.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Porque hoje é sábado.
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Adorei a personagem da crônica. A acidez me "descomove" (embora tenha ficado comovida). Ótimo texto, parabéns!
ResponderExcluirque texto fantastico, nao consegui parar de ler
ResponderExcluirabraço
Milton